7 Dicas Para Lidar Com a Seletividade Alimentar em Crianças Autistas

Seletividade alimentar em crianças autistas

A seletividade alimentar é um problema comum em crianças com transtorno do espectro autista (TEA), que se caracteriza pela preferência por determinados tipos de alimentos e pela recusa em experimentar novidades. Essa restrição alimentar pode afetar a saúde, o desenvolvimento e a qualidade de vida das crianças e de suas famílias, que muitas vezes enfrentam dificuldades e conflitos na hora das refeições.

Mas por que as crianças autistas são tão seletivas com a comida? Quais são as causas e as consequências dessa condição? E o que os pais e cuidadores podem fazer para ajudar seus filhos a terem uma alimentação mais variada e equilibrada? Neste artigo, vamos responder a essas perguntas e dar algumas dicas práticas para lidar com a seletividade alimentar em crianças autistas. Acompanhe!

O que é seletividade alimentar e como ela se manifesta no autismo?

A seletividade alimentar é definida como a recusa persistente em comer certos alimentos ou grupos alimentares, limitando o repertório alimentar a poucas opções. Essa recusa pode estar relacionada a aspectos sensoriais (como cor, textura, sabor, odor ou temperatura dos alimentos), comportamentais (como rigidez, ansiedade, medo ou aversão a mudanças) ou fisiológicos (como alergias, intolerâncias, refluxo ou constipação).

A seletividade alimentar é comum na infância, especialmente entre os 2 e 6 anos de idade, quando as crianças estão desenvolvendo suas preferências e sua autonomia. No entanto, em crianças com TEA, a seletividade alimentar tende a ser mais intensa, duradoura e prejudicial, podendo persistir até a adolescência ou a vida adulta.

Isso acontece porque as crianças com TEA apresentam alterações no processamento sensorial, que afetam a forma como elas percebem e reagem aos estímulos do ambiente, incluindo os alimentos. Algumas crianças podem ser hipersensíveis, ou seja, ter uma percepção aumentada e uma reação negativa a determinados estímulos, como alimentos com cores fortes, cheiros fortes, texturas ásperas ou sabores amargos. Outras crianças podem ser hipossensíveis, ou seja, ter uma percepção diminuída e uma reação positiva a determinados estímulos, como alimentos com cores claras, cheiros suaves, texturas macias ou sabores doces.

Além disso, as crianças com TEA também apresentam dificuldades de flexibilidade mental, que afetam a capacidade de se adaptar a situações novas ou diferentes, como experimentar novos alimentos ou comer em locais diferentes. Essas dificuldades podem gerar ansiedade, medo, resistência ou birra na hora das refeições, dificultando a aceitação alimentar.

Quais são as consequências da seletividade alimentar para a saúde e o desenvolvimento das crianças autistas?

Seletividade alimentar em crianças com TEA

A seletividade alimentar pode trazer diversas consequências negativas para a saúde e o desenvolvimento das crianças autistas, tais como:

- Deficiências nutricionais: a restrição alimentar pode levar à falta de nutrientes essenciais para o crescimento e o funcionamento do organismo, como vitaminas, minerais, proteínas, carboidratos e gorduras. Essas deficiências podem causar problemas como anemia, baixa imunidade, atraso no desenvolvimento, alterações na pele, nos cabelos, nas unhas, nos dentes e nos ossos, entre outros.

- Problemas gastrointestinais: a seletividade alimentar pode afetar o trânsito intestinal, causando constipação, diarreia, refluxo, dor abdominal, gases, distensão ou inflamação. Esses problemas podem piorar a seletividade alimentar, criando um ciclo vicioso de desconforto e recusa alimentar.

- Problemas de peso: a seletividade alimentar pode levar ao excesso ou à falta de peso, dependendo do tipo e da quantidade de alimentos consumidos. O excesso de peso pode aumentar o risco de doenças como diabetes, hipertensão, colesterol alto, problemas cardíacos, entre outros. A falta de peso pode comprometer o crescimento, a imunidade, a energia e a disposição das crianças.

- Problemas psicológicos: a seletividade alimentar pode afetar a autoestima, a confiança, a socialização e o bem-estar emocional das crianças autistas, que podem se sentir diferentes, excluídas, frustradas ou ansiosas em relação à comida. Além disso, a seletividade alimentar pode gerar estresse, conflitos, culpa ou desgaste nos pais e cuidadores, que podem se sentir impotentes, angustiados ou irritados com a situação.

- Problemas de aprendizagem: a seletividade alimentar pode prejudicar o desempenho escolar e cognitivo das crianças autistas, que podem ter dificuldades de concentração, memória, raciocínio, linguagem, criatividade ou resolução de problemas, devido à falta de nutrientes ou ao desconforto físico ou emocional.

Como lidar com a seletividade alimentar em crianças autistas? 7 dicas práticas

A seletividade alimentar em crianças autistas é um desafio que requer paciência, persistência e compreensão dos pais e cuidadores, que devem buscar formas de ajudar seus filhos a ampliar o repertório alimentar e a ter uma relação mais saudável e prazerosa com a comida. Veja algumas dicas práticas para lidar com a seletividade alimentar em crianças autistas:

1. Busque ajuda profissional: o primeiro passo é procurar um médico, um nutricionista, um psicólogo e um terapeuta ocupacional, que podem avaliar as causas, as consequências e as possíveis soluções para a seletividade alimentar, de acordo com as necessidades e as particularidades de cada criança. Esses profissionais podem orientar os pais e cuidadores sobre como oferecer uma alimentação adequada, balanceada e diversificada, além de realizar intervenções terapêuticas para melhorar o processamento sensorial, a flexibilidade mental, o comportamento e a aceitação alimentar das crianças.

2. Estabeleça uma rotina alimentar: é importante criar e manter uma rotina alimentar, com horários regulares e definidos para as refeições, evitando pular ou atrasar as refeições ou oferecer lanches ou guloseimas fora de hora. Essa rotina ajuda a regular o apetite, a fome e a saciedade das crianças, além de criar hábitos alimentares mais saudáveis e consistentes.

3. Crie um ambiente favorável: é fundamental que o ambiente das refeições seja tranquilo, confortável, agradável e sem distrações, como televisão, celular, brinquedos ou ruídos excessivos. O ambiente deve favorecer a atenção, a concentração, o relaxamento e o prazer das crianças, evitando estímulos que possam gerar ansiedade, irritação ou aversão. Além disso, o ambiente deve ser adaptado às necessidades e às preferências das crianças, como a iluminação, a temperatura, a ventilação, a decoração, os utensílios, os talheres, os pratos, os copos, as cadeiras, as mesas, etc.

4. Respeite o ritmo e as escolhas das crianças: é essencial que os pais e cuidadores respeitem o ritmo e as escolhas das crianças, sem forçar, pressionar, chantagear, ameaçar, punir ou recompensar as crianças por comerem ou não comerem determinados alimentos. Essas atitudes podem piorar a seletividade alimentar, criando uma relação negativa e conflituosa com a comida e com os pais e cuidadores. Em vez disso, os pais e cuidadores devem incentivar, elogiar, apoiar e valorizar as crianças por seus esforços e conquistas, respeitando seus limites e suas preferências, mas também estimulando-os a experimentar novidades e a ampliar o repertório alimentar.

5. Ofereça alimentos variados e atrativos: é importante que os pais e cuidadores ofereçam alimentos variados e atrativos para as crianças, buscando diversificar as cores, os sabores, as texturas, os aromas e as formas dos alimentos, de acordo com a tolerância e a aceitação das crianças. Essa variedade ajuda a fornecer os nutrientes necessários para a saúde e o desenvolvimento das crianças, além de despertar a curiosidade, o interesse e o apetite das crianças. Além disso, os pais e cuidadores podem tornar os alimentos mais atrativos, usando a criatividade, a imaginação e a diversão, como cortar os alimentos em formatos diferentes, montar pratos divertidos, usar cores contrastantes, misturar alimentos conhecidos com desconhecidos, etc.

6. Envolva as crianças no preparo dos alimentos: uma forma de aumentar a aceitação alimentar das crianças é envolvê-las no preparo dos alimentos, de acordo com a idade e a capacidade de cada uma. As crianças podem participar de atividades como escolher os alimentos no mercado, lavar os alimentos, descascar os alimentos, cortar os alimentos, misturar os ingredientes, mexer a panela, colocar os alimentos no prato, etc. Essas atividades ajudam as crianças a terem mais contato, mais familiaridade e mais confiança com os alimentos, além de desenvolverem habilidades motoras, cognitivas, sociais e emocionais.

7. Seja um exemplo positivo: por fim, uma dica essencial é que os pais e cuidadores sejam um exemplo positivo para as crianças, mostrando uma atitude positiva, saudável e prazerosa em relação à comida. As crianças tendem a imitar o comportamento dos adultos, por isso, é importante que os pais e cuidadores comam os mesmos alimentos que as crianças, experimentem novos alimentos, elogiem os alimentos, evitem fazer caretas ou comentários negativos sobre os alimentos, etc. Além disso, é importante que os pais e cuidadores comam junto com as crianças, fazendo das refeições um momento de convivência, de interação, de comunicação e de afeto.

Conclusão

A seletividade alimentar em crianças autistas é um problema que pode trazer diversas dificuldades e prejuízos para a saúde, o desenvolvimento e a qualidade de vida das crianças e de suas famílias. No entanto, com a ajuda de profissionais, com a adoção de estratégias adequadas e com a compreensão e o apoio dos pais e cuidadores, é possível ajudar as crianças a terem uma alimentação mais variada, equilibrada e satisfatória. Esperamos que este artigo tenha sido útil e informativo para você. Se você gostou, compartilhe com seus amigos e deixe seu comentário. Obrigado pela leitura!

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